Só poder dizer coisas inofensivas é uma liberdade inútil

O New York Times desta segunda-feira trouxe um artigo de Salman Rushdie sobre a necessidade de que voltemos a valorizar a coragem moral -- a coragem de desafiar a opinião dominante, mesmo quando isso pode trazer consequências bem mais graves que um desentendimento com o sogro.

Como o jornalista britânico Nick Cohen notou em seu livro You Can't Read This Book (que, aliás, já recomendei em outras postagens deste blog), é muito cômodo espumar contra o imperialismo ocidental e sair por aí xingando a rainha na Inglaterra, o papa ou o governo Obama. Afinal, sejam os impropérios merecidos ou não -- e meus leitores bem sabem que o já escrevi sobre a Santa Sé --, é mais do que razoável supor nem o MI-5, nem a Guarda Suíça e nem mesmo a CIA vão mandar homens-bomba atrás de você.

Já o pessoal que aparece no clip de vídeo abaixo usou de palavras para enfrentar adversários bem menos caridosos e, curiosamente, obteve muito pouca solidariedade aqui no Ocidente. Como escreveu Rushdie no NYT, "esta nova ideia -- de que escritores, acadêmicos e artistas que se levantam contra a ortodoxia ou o preconceito devem ser penalizados por incomodar as pessoas -- vem se espalhando depressa".

Nesta quinta-feira, dia 2, haverá um protesto internacional em defesa de blogueiros de Bangladesh que foram presos por "ferir sentimentos religiosos". Não sei se manifestar apoio a isso aqui no Brasil é menos inócuo do que a patética nota do PCdoB em defesa do regime norte-coreano, mas a causa é certamente melhor.

Ah: a frase-título da postagem é do jurista britânico Stephen Sedley.

Comentários

  1. pelo mesmo motivo, "ferir sentimentos religiosos", o pastor sérgio von helder foi processado e condenado no brasil. não me lembro de ninguém vindo a público defender o pastor "que chutou a santa".

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    1. Esperemos que a sociedade civil esteja as madura hoje...

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