Jornalismo não é ciência, mas...

Há algum tempo, uma reportagem – não um trabalho científico – publicada na revista Science causou furor ao mostrar que mais da metade dos mais de 300 periódicos de ciência que adotam o modelo de negócio de cobrar dos pesquisadores para publicar seus artigos aceitaram veicular um estudo que apresentava sinais claros de ser fraudulento. A implicação sugerida foi a de que, ao cobrar para publicar, esses periódicos cedem à tentação de privilegiar a quantidade e a fazer vista grossa à qualidade. (Leia mais em minha coluna no site da Revista Galileu)

Comentários

  1. Bom libelo contra as certezas e generalizações execessivas.

    Mas, mesmo com o grupo de controle, a conclusão geral citada ainda não seria correta. Se o número de casos de aceitação nas revistas tradicionais fosse bem menor o máximo que poderia ser dito é que os periódicos de publicação paga pelo autor sejam MENOS confiáveis que as de publicação tradicional.

    Mais prático e útil ainda que adotar o grupo de controle (que exigiria no mínimo o dobro de envios - fora o fato de que o conhecimento agora público do experimento em questão potencialmente enviesaria os resultados) é se proceder a uma investigação mais profunda de quais parâmetros mudaram dentro do escopo do estudo entre as revistas que aceitaram e as que não aceitaram dentre as que aceitam pagamento.

    P.ex.: O banco de referees ou avaliadores é aproximadamente o mesmo (e seria o mesmo que o das duas classes de periódicos)?

    Isso serviria, p.ex., para se filtrar quais os que se sujeitariam mais a uma potencial pressão (o que, por outro lado, conflitua com o princípio de anonimato dos mesmos). Ou como um alerta ainda mais sério sobre a qualidade dos avaliadores em si.

    Outra objeção às críticas do estudo: Não foi considerado o fato de que um artigo fraudulento em periódicos que costumam publicar material inédito pode ser muito mais demorado de se checar que o tempo de avaliação (a famosa repetitividade do experimento quase sempre é inviável por parte dos vários avaliadores que nem sempre são especialistas no tema avaliado).

    Muitas vezes o que se é avaliado é muito mais a estrutura formal e conformidade com os cânones da ciência. O mais comum de acontecer é bem após a aprovação e publicação de trabalhos "breakthorugh" em periódicos ditos "sérios" virem os artigos-réplicas questionando a reprodutibilidade dos resultados (foi exatamente o que aconteceu com os relatos publicados dos experimentos de fusão a frio).

    O modelo de publicação nunca foi perfeito e quem publica sabe que está dando a cara a tapa, e até por isso também os artigos estão saindo cada vez mais tíbios e fracionados em suas conclusões em vários artigos para fazer "render o tema" (pressões do sistema acadêmico influenciam aqui também).

    Ricardo França

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